O olhar de lince parece o de um atacante ainda em campo diante dos
zagueiros na área. Waldo Machado da Silva dá a impressão de ainda querer
fugir, arisco, da marcação. Aos 78 anos, o maior goleador da história
do Fluminense esconde no andar lento de hoje a velocidade no arranque
que infernizava os marcadores nos anos 1950 e 1960. Forte, bom
cabeceador, melhor ainda no arremate com a perna direita, mostra no
sotaque misturado do português com o espanhol que virou cidadão de dois
países. Amado primeiro no tricolor carioca, depois no Valencia, time
para o qual se transferiu e cuja cidade escolheu para viver por toda a
vida, o ex-atacante está de volta ao Rio para o lançamento do livro
"Waldo, o artilheiro", de autoria de Valterson Botelho, neste sábado, a
partir das 10h, na sede do Fluminense.
Em 2010, Waldo já havia retornado ao Brasil para matar saudade dos
amigos que deixou nas Laranjeiras. Caminhar pela sede faz o eterno ídolo
tricolor lembrar dos bons momentos que viveu no futebol brasileiro. Dos
319 gols que marcou com a camisa tricolor nos 403 jogos - nenhum de
pênalti -, dois guardam história curiosa pela semelhança com um lance
genial do repertório de Ronaldo Nazário de Lima. Sabe aquela malandragem
de ficar na área esperando o goleiro botar a bola no chão, vir por
trás, lhe roubar a bola e mandá-la para o fundo das redes? Pois bem. O
Fenômeno fez isso em 1993, com o lendário arqueiro uruguaio Rodolfo
Rodríguez. Era o último gol na goleada por 6 a 0 do Cruzeiro sobre o
Bahia. Pois bem... Waldo não fez só uma, mas duas vezes a mesma jogada,
quase 50 anos atrás do pentacampeão mundial.
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