Igor Jácome G1/RN – A defesa de João Francisco dos Santos, o Dão, acusado de ser o assassino do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, pediu a suspensão do júri popular marcado para o próximo dia 5 de agosto. O júri será em Caicó, na região Seridó do estado. O radialista foi morto no dia 18 de outubro de 2010 na porta de casa.

De acordo com a defensor público Thiago Souto de Arruda, a defesa quer evitar “constrangimento ilegal ao paciente em decorrência de ser julgado sem acesso a todas as provas dos autos, em inescondível violação ao princípio constitucional da ampla defesa”. O desembargador Glauber Rêgo decidiu que, antes de se pronunciar, ouviria o juiz responsável pelo caso. “Responderei em desfavor”, adiantou ao G1 o juiz Luiz Cândido Vilaça, titular da Vara Criminal de Caicó.

Ainda segundo o defensor, “um dos CDs contendo os depoimentos de testemunhas está danificado. Informado o fato ao juiz, ele reconheceu o problema e determinou que as testemunhas fossem novamente ouvidas, mas apenas na sessão do júri, o que, para mim, é uma prova nova, vez que entrei na defesa do acusado apenas no final do procedimento, pouco antes do julgamento ser marcado“, afirmou.

Para o magistrado, o problema com a mídia não atrapalha o trabalho da defesa. “Foi um material que se perdeu, mas não é essencial no caso. Até porque essas testemunhas serão ouvidas em juízo. São informações coadjuvantes – uma pessoa dizendo que ele era uma pessoa boa, por exemplo – que não vão causar uma reviravolta no caso”, afirmou. “Responderei, ainda hoje, em desfavor ao pedido da defesa”, acrescentou.

Mesmo assim, a defesa do acusado alega que seria prejudicada sem saber o que as testemunhas relataram. “Requeri a anulação do processo a partir da audiência, a fim de me possibilitar a participação na audiência de inquirição das testemunhas e, de resto, poder tomar conhecimento do que afirmaram. Se o depoimento ocorrer apenas no plenário, os depoimentos serão novidade para a defesa, que ficará sem poder fazer comparações e apontar eventuais contradições“, diz o defensor público.

A sessão do júri marcada para o dia 5 julgará João Francisco dos Santos, o Dão, e Lailson Lopes, mais conhecido como Gordo da Rodoviária. Eles foram os primeiros presos por suspeita de participação no caso.