Operação realizada pela Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (30), em Natal, prendeu dois homens suspeitos de aplicarem golpes em prefeitos,
empresários e grandes comerciantes do estado. Um terceiro suspeito ainda
deve ser preso.
Segundo o delegado Júlio César Costa, titular da
Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações (DEFD), eles
usaram nomes de várias autoridades do estado - e até mesmo se passaram
por elas - para pedir dinheiro sob o argumento de que uma criança teria
leucemia e necessitava de tratamento urgente. Cheques foram entregues e
transferências bancárias realizadas para contas fornecidas pelos
suspeitos. Em algumas oportunidades o dinheiro foi entregue em mãos.
O G1 teve acesso exclusivo ao inquérito. Em
depoimentos prestados por algumas das vítimas, consta que os suspeitos
teriam usado o nome do conselheiro Paulo Roberto Chaves Alves,
presidente do Tribunal de Constas do Estado, para aplicar parte dos
golpes. As investigações revelam que os nomes do advogado Ney Lopes
Júnior (coordenador estadual do Procon), do desembargador Cláudio Santos
(do Tribunal de Justiça do RN), do advogado Valério Mesquita
(conselheiro aposentado do TCE) e do prefeito de Assu, Ivan Júnior, também teriam sido usados pelo trio.
O suspeito que não foi preso atuou na Assembleia Legislativa como
assessor parlamentar de um deputado estadual. "Até a semana passada ele
trabalhava para este deputado, que o exonerou do cargo logo que soube
das investigações”, afirmou o delegado. O G1 tentou falar com o deputado, mas ele não atendeu as ligações.
Os outros dois suspeitos presos são João Maria Augusto da Silva, de 50
anos, sem profissão declarada, e Edilson Genésio da Silva, de 33 anos,
também sem ocupação lícita. O delegado afirmou que o primeiro admite
participação dos golpes. O segundo, nega envolvimento.
As investigações mostram ainda que João Maria Augusto da Silva chegou a
ser preso em flagrante no dia 30 de novembro deste ano nas imediações
de uma churrascaria no bairro do Tirol, na zona Leste da capital, ao
tentar receber R$ 2.800.
O dinheiro, de acordo com o delegado, pertencia
ao prefeito de Touros Ney
Rocha Leite, que é irmão da delegada Kalina Leite Gonçalves, que
trabalha na Corregedoria da Segurança Pública. Desconfiado, o prefeito
procurou a irmã e contou que poderia estar sendo vítima de um golpe. A
delegada, sem se identificar, ligou para João Maria e foi ao encontro
dele para entregar o dinheiro, ocasião em que o suspeito recebeu voz de
prisão.
Em interrogatório, João Maria admitiu a tentativa de estelionato e
apontou Edilson Genésio da Silva como o mentor do plano. "Neste caso, o
astuto Edilson utilizou-se da identidade do desembargador Cláudio Manoel
de Amorim Santos para tentar pegar dinheiro do prefeito Ney Rocha. João
Maria foi solto para responder pelo crime em liberdade, mas o processo
segue tramitando na 7ª Vara Criminal de Natal", explicou o delegado
Júlio César Costa.
A liberdade provisória de João Maria foi concedida no dia 11 deste mês
pelo juiz José Armando Ponte Dias Júnior sob a condição de o indiciado
se apresentar regularmente e não deixar a cidade.
Na maioria dos casos, ainda de acordo com o delegado, a quantia
solicitada pelo grupo foi de R$ 2.800, "mas teve prefeito que chegou a
dar R$ 5.400 acreditando estar praticando uma boa ação", revelou. "O
valor total arrecadado pelos suspeitos ainda é incerto. Mas temos
relatos e depoimentos que comprovam que pelo menos 15 vítimas, entre
prefeitos, empresários e grandes comerciantes, fizeram o repasse de
dinheiro para o grupo", acrescentou.
O titular da DEDF afirmou que os suspeitos presos serão indiciados por
estelionato e associação criminosa - como passou a ser denominada a
prática de formação de quadrilha. Os mandados de prisão preventiva
cumpridos nesta segunda-feira foram expedidos pela juíza Emanuella
Cristina Pereira Fernandes, titular da 4ª Vara Criminal de Natal.
G1/RN



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