Em desabafo na manhã desta segunda-feira, 23 de Fevereiro, em seu
perfil no Facebook, a farmacêutica Vanessa Kelly escreveu um depoimento
sobre o impasse entre SESP e Clube Corintians de Caicó. A sua opinião
mobilizou inúmeros compartilhamentos, comentários e curtidas na rede
social. Leia, na íntegra, a seguir:
“Me chamo Vanessa Kelly Alves da Silva, caicoense,
farmacêutica, funcionária pública e humana, no sentido mais condizente
da palavra. Essas duas “características”
citadas por último são o que me levam a escrever essas poucas linhas e
expressar, através delas, minha revolta e desconforto.
Sou funcionária do Estado do Rio Grande do Norte, lotada
na Unidade Hospitalar Regional do Seridó (Hospital do SESP) desde 2009.
No decorrer desses anos, passamos por mudança de gestão, momento em que o
Hospital deixou de ser gerido pela
Associação dos Municípios do Seridó e foi entregue ao Governo do Estado.
No lugar da situação melhorar, do meu ponto de vista, só veio a piorar.
Chegando ao ponto de perdermos inúmeros profissionais competentíssimos
que, de uma maneira geral, pediram exoneração por priorizar sua saúde
mental. Digo isso com propriedade, visto que o tormento e angústia tomam
conta de todos que fazem parte do quadro de funcionários (pelo menos,
os “humanos”).
Temos que conviver
diariamente com as faltas de insumos básicos e de estrutura adequada que
se generaliza por todos os setores da unidade. Isso, se fosse em
qualquer outro ambiente de trabalho, seria considerado bastante
incomodo, imagine se tratando de um Hospital… Imagine levarmos em conta
“vidas”! E ainda temos que escutar o velho ditado: “morreu porque chegou
o dia”. Não consigo me conformar com essa ignorância… Morreu por falta
de assistência (aqui não falo do profissional, muitas vezes, esse também
são vítimas).
A população precisa se
manifestar. Infelizmente, a situação “Saúde” em Caicó é bastante
precária. Seja pobre ou rico, branco ou preto, católico ou ateu… Todos
nós estamos sujeitos aos serviços do Regional. E no meio desse triste
contexto, estamos na iminência de perdermos R$ 5 milhões do Banco
Mundial.
Parece piada de mal
gosto, mas é a pura verdade. Temos um prazo muito curto para
definitivamente regularizarmos a questão do terreno no qual o hospital
foi construído e que pertence ao Clube Corintians de Caicó. Se isso não
acontecer, só vai nos restar lamentar. Neste caso não será pelo “leite
derramado” e sim pelas “vidas perdidas”.
Aos dirigentes e sócios
do clube pergunto: Por quanto podemos mensurar a vida de um familiar ou
amigo seu? E em terra, quantos metros quadrados vale um rim, um braço ou
dois litros de sangue? Para mim, é algo imensurável!”

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